TÉCNICAS SEMIÓTICAS APLICADAS À VANGUARDA NA PINTURA

Este texto aborda a transformação ocorrida no seio da linguagem das artes pictóricas (Pintura), observadas pela metodologia semiótica. Essa transformação tem seu ponto de eixo e movimento do figurativo para a abstrato, e tem seu epicentro histórico no final do século XIX. Como podemos analisar pela perspectiva semiótica esse movimento? 


Três momentos marcantes na arte pictórica determinam a nova visão do signo que insuflou no século XIX. 
O primeiro momento é o Impressionismo, que já comporta a (des) unidade do semi-signo (símbolos), ou seja, já apresenta a quebra de certas consolidações legitimadas pela Hierarquia artísticas. Inclusive celebrada pelas formas figurativas clássicas, como a cena e as paisagens. Assim, as formas que designam coisas com significados definidos não são mais tão presentes, ou já passam por modificações. 
Como exemplo podemos apresentar o figurativo, o traço, a norma, o tipo de luminosidade claustrofóbica que permeava a unidade. O impressionismo tem seu momento histórico marcado pela exposição de telas em 17 de abril de 1874. O movimento já destituía o signo de suas marcas individuais, para projetá-lo no âmbito de novos contextos de arranjo, como ao ar livre, ao contato das múltiplas formas de luz que decompunham sua performance realista. Este acelerar do processo de "fragmentação", culmina em um ato de agregar qualis, criando uma arte anti-simbólica, mas marcada por sensações (primeiridade). Vejam como a presença do "externo" e a nuance como exemplo de toque com a impressão são fortes marcas dessa vanguarda.


Abaixo a obra considerada marco histórico:
"Impression soleil levant - Claude Monet"


Culminando em mais uma etapa no processo de disformização do signo visual, percebemos que as estruturas sagradas ao ato de imitar (mimese) perdem sua idealização central. O que ocorre é que o determinismo que figurava no signo da pintura em estar indicando seu objeto dinâmico e imediato (Peirce) não existe mais. A arte abstrata, que teve como precursores Kandinsk e Piet Mondrian, deixa de estabelecer uma relação direta de signo com objeto. Temos um cavaleiro sem cabeça - signo sem objeto - e como tal temos o processo de estranhamento em grau profundo.

"Cores - Piet Mondrian"


Por último, como em um processo de "abandono" das causas naturais que amarravam a órbita do signo ao seu objeto (referente) temos o "caso" Pop-Art. A referencialidade volta a ser mola, mas vincula-se a um contexto de desautomatização do interpretante, que de tal modo projeta sentidos dado o cenário indiciado. Em outras palavras, a situação do signo dentro de seu cenário de elocução demarca a produção de "símiles" e "análogos". Desde que Duchamp optou pelo Vaso Sanitário no museu, pela roda de bicicleta, a estética passou a ser amparada pelo meta-discurso, sendo ela mesma a re-tradução da sua própria prática. Em moldes acadêmicos, teríamos a necessidade da arte - bula, do contraponto, da explicação do sentido no desarranjo do código. É o caso da obra abaixo, que figura como
uma das primeiras telas Pop-Art.

"O que torna os lares de hoje diferentes? - Hamilton"


Concluo que entender os processos de composição e organização da malha representativa que a vangurda faz uso, é compreender a arte por aquilo que ela tem de singular: sua linguagem. Contemporaneidade é um caráter, e não uma data. Ninguém consegue encontrar algo tão contemporâneo quanto Mallarmé, Pound, James Joyce; modernos que foram escritos no final e início do século.

NOTA: Observe a mudança de paradigma semiótico (referencialidade) nas duas obras de Duchamp. Abaixo, obra buscando a desreferencialidade



Acima, obra referencializada. O referente em busca do símbolo como forma de dissuação. O poder e o valor da obra. 

Comentários

Anônimo disse…
"Nossa.. que profundo isso: um abraço leproso a todos. Fiquei pensando mil e duas coisas sobre o que seria isso, mas, como detesto ficar na dúvida, resolvi perguntar o porquê dessa expressão. Assim, aguardo anciosamente um posicionamento. Sem mais para o momento... Fui, melhor, vou. Rsrsrs"
Anônimo disse…
Blz Prof. Rômulo Giacome ......
quero utilizar deste seu espaço para divulgar uma informação importante para tudos os que se interesse pela Literatura Popular..


Atenção: Notícia Importante para a Literatura de Cordel!

O senador Efraim Morais (PFL-PB) quer alterar a Lei Rouanet (lei 8313/91), de Incentivo à Produção Cultural, para incluir a Literatura de Cordel entre as atividades beneficiadas com a dedução integral do imposto de renda devido sobre quantias destinadas a doações e patrocínios.

O projeto (PLS 232/06) aguarda decisão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), de onde seguirá para ser votado, em decisão terminativa, pela Comissão de Educação.

Leam a notícia na íntegra, no seguinte endereço:

http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=58118&codAplicativo=2

Sugiro que, após a leitura, todos os Companheiros Poetas façam um e-mail, parabenizando e emprestando apoio integral a tão lovável iniciativa!

O e-mail do Senador é: efraim.morais@senador.gov.br

Uma coisa é digna de nota: É fato raro ver-se, hoje em dia, um político realmente interessado em questões culturais!

Vamos apoiar!
Anônimo disse…
Como vc disse nunca é tarde para recomeçar. Hoje tive a oportunidade de navegar pelo seu blog e ver o quanto suas divulgações podem nos ajudar no trajeto acadêmico. Obrigada e Parabéns por sua dedicação ao Teoliterias.
Até mai......
Simone Matia da Silva!!!!!