PUBLICAÇÃO ACADÊMICA; LINKS DE CONTEÚDOS PARA AVALIAÇÃO; MINI-CURSO "MÉTODOS DE LEITURA:INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO"


1 - MINI-CURSO NESTE SÁBADO: MÉTODOS DE LEITURA: INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO TEXTUAL;
Neste próximo sábado (19 de abril) como uma das atividades complementares do curso de Direito acontecerá o mini-curso abaixo descrito:



2 PUBLICAÇÃO: CONTOS DO ARTISTA E ACADÊMICO ELISANDRO FÉLIX DE LIMA "VERÔNICA FUNQUEIRA" E "A QUEIMA ROUPA"
Além de publicar neste espaço os contos do artista e acadêmico do Curso de Letras Elisandro Félix de Lima, quero expressar minha felicidade em saber que pude ler criticamente e, assim, participar da sua produção artística; hoje, somos poucos artistas e estudiosos da língua que intentam, neste mar de obscuridade, impusionar a escrita e a arte de escrever; a tendêcia é piorar ainda mais; mesmo com esta condição pessimista sobre a arte e a produção textual, ainda acredito que foi sempre assim, desde os primórdios; Parabéns pela sua produção; destaco como pontos positivos a sagacidade dos temas, principalmente o interior do processo da forçada rejeição do conto "Verônica Fanqueira"; esta perspectiva criativa e privilegiada da personagem em seu íntimo, de algo casual, o torna um escritor que sabe navegar no lago das possibilidades; Confesso que fiquei surpreso com a capacidade criativa, os motes, a forma esperta e criativa de abordar o tema e a estrutura do conto; Maravilha; Você já percebeu que um conto não é apenas uma bela estória; é um andamento, um jogo que se esconde fatos e apresenta sutilmente pequenas informações que tornam-se grandes especulações; Um quebra cabeça que mistura peças de outros quebra-cabeças; você deve aproveitar sua valiosa criatividade e estilo para contar belas estórias e ir montando, frase a frase, o seu "jogo" de conto;
O Elisandro já sabe o que faz e prova que pode fazer ainda melhor. Veja sua produção abaixo.


Elisandro Félix de Lima é acadêmico do curso de Letras/Inglês e respectivas Literaturas pela Faculdade Integradas de Cacoal-UNESC, têm como pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) A escrita na Internet: O Chat como produção de Linguagem no site Bol-Cacoal/RO. Atualmente é funcionário Técnico-administrativo da Unesc e Professor estagiário na Escola Cora Coralina.


O Conto:
A QUEIMA-ROUPA
By, Elisandro Félix de Lima.

Era noite de sexta-feira, e a pequena cidade de Santana estava em festa, comemorava vinte anos de emancipação política. Após várias apresentações na principal avenida da cidade, um grande show com cantores regionais acontecia, era algo que se repetiam todos os anos. Santana, apesar de ser uma cidade nova, tinha o centro comercial muito bem organizado: lojas de confecções, bancos, supermercados, restaurantes, escritórios, hotéis, papelarias, bares, entre várias indústrias, que era o forte da cidade em geração de empregos.
Apesar de toda organização, há pouco tempo atrás, pessoas (sem teto) fizeram uma invasão num morro próximo a cidade. Antigamente nesse lugar, havia um grande plantio de graviola, depois que vários barracos foram construídos por lá, deram o nome de Morro da Graviola.
De qualquer forma, a população da pequena cidade, comentava que no morro morava muita gente boa, mas também acreditavam que o lugar seria esconderijo de maloqueiros. Certo preconceito?
Mas, voltando ao assunto da festa. Era aproximadamente vinte e três horas, e quase toda a população da cidade estava reunida na avenida principal. Era natural que numa noite como aquela, os bairros se esvaziassem.
Os irmãos Marcinho e Marcelo eram bem conhecidos por todos do Morro da Graviola. Gente boa! Faziam a passos largos a descida em direção ao centro da cidade para então participar da festa. Em questão de quinze minutos, já estariam no meio da multidão.
Numa certa rua, muito escura, daquelas que vândalos quebraram as iluminárias, os rapazes avistam um vulto, parecia ser duas pessoas que viriam em sua direção, na boca daquele vulto uma pequena brasa de cigarro que hora acendia, hora apagava parecia um vaga-lume.

O coração de Marcelo acelerou e o pensamento de Marcinho pressentiu que aquele vulto não seria boa coisa. Um grande estalo! E o vaga-lume acendeu mais forte, outro, e mais outro, e assim mais quatro barulhos ensurdecedores, cheiro de pólvora, a menos de cinco metros dos rapazes. Sem ao menos saber como, os irmãos já estavam amoitados no matagal, um ao lado do outro.
-Marcinho, você viu aquilo mano?
-Vi! A queima roupa. Quase nos acertou.
-Verdade! Achei que o cara estava atirando na gente.
-Foi não, foi naquele indivíduo ali no chão.
-Mano do céu, senti uma bala raspar minha cuca.
-E a pólvora está queimando meus olhos.
-Cara! Quem será que pipocou isso? Por que fez isso? Você viu a direção do doido?
-Sumiu como fumaça no espaço. E parece que o cara ali no chão já era! Quem será esse que levou a pior?
-Sei não.
-Aí Marcinho! Vamos dar o fora daqui? A coisa vai fedê.
-E se nós chamar os homens?
-Deixa isso pra lá, isso pode complicar, o cara já era mesmo.
-Quem sabe, ele pode está vivo!
-Que nada! Esse aí, já era! Vamos abrir fora!
-Sim! Você tem razão, vamos festeja a polícia que resolva isso depois.
E assim, os rapazes, ainda assombrados, saíram do matagal, pisando em lama, ao menos olharam para o cadáver.
O fato fez com que os rapazes chegassem ainda mais rápido ao evento. Um trato entre os dois foi firmado, nenhum comentário sobre o assunto durante a festa. E assim, a diversão com os amigos e a presença de belas garotas na festa foi um grande chá de esquecimento para os rapazes sobre o ocorrido. Um gole daqui, outro dali, e na hora de pagar a conta Marcelo percebeu que tinha esquecido sua carteira em casa, então, seu irmão foi o responsável pelo pagamento de todas as despesas naquela noite.
O dia já estava quase amanhecendo a festa terminava, e a promessa de ser melhor ainda no próximo ano. Os irmãos voltavam para a casa pelo mesmo caminho que viera. Não sei se foi à bebida, mas realmente já nem lembrava que havia presenciado uma execução antes da festa.
Uma grande movimentação de curiosos. Policiais e peritos faziam uma investigação criminal, o corpo ainda estava no local, intacto, e todo os projeteis cravados no peito. Alguém nunca visto na cidade, e ninguém se arriscava a dizer.
Os rapazes se aproximam. Um grande silêncio abafa ainda mais o ambiente enquanto o primeiro raio do sol aparecia no céu. Um policial cochicha, a multidão também, um perito olha um documento de identidade, de uma carteira encontrada a beira do matagal. Um investigador observa rastros na lama. A certeza de ser os mesmo daqueles tênis de marca falsificada. Ouve-se a voz estrondosa do delegado. - Final das investigações! Algemem os dois!

O Conto:

VERÔNICA FUNQUEIRA

By, Elisandro Félix de Lima.


Favela Dos Maracás, madrugada de sexta-feira. Três badaladas no velho relógio de parede acordou Verônica. Sentiu-se úmida, a cama estava molhada, até pensou que fosse água da chuva, o barraco apresentava muitas brechas, tanto nas paredes como no teto. Não somente ali, também no chalé de toda a vizinhança. Um cheiro de carne espalhava-se pelos ares. Verônica certificou-se que um líquido escorria de suas entranhas. Esticou o braço, alcançando o interruptor da lâmpada, que clareou todo aquele quarto-sala-cozinha. E em seu ventre, uma pontada de dor. Parecia que uma espada lhe entrara pelo umbigo. Estava impossibilitada de levantar. Agoniada, com as dores que a cada minuto multiplicava em seu útero, juntou o lençol, fez dele uma rolha de pano e mordeu fortemente. O trapo impedia que seus vizinhos acordassem com os gritos de desespero. A água que agora molhava a cama era sua transpiração. A moça soprava o travesseiro, espremia-se, gemia e a cólera não cessava.
O velho relógio novamente badalava, agora por quatro vezes. Verônica, deitada de costa, arreganhou as pernas ao máximo que pôde, mordeu novamente a rolha de pano e com as mãos apertou firme a imensa e luzente barriga. Numa contagem de um a três em sua mente, soprou com muita força aquele lençol. Das suas entranhas escorregou uma criança aos berros. Como um passe de mágica as dores cessaram. Alcançou ali mesmo ao lado de sua cama, uma tesoura enferrujada, que mal cortava papel, mas que naquele momento lhe serviu de ferramenta. O que a separou do chorão.
Minutos depois, a criança dormia enrolada em panos umedecidos de água de parto. Assim, Verônica destrancou a porta do barraco, agarrou o pequenino entre os braços e saiu pisando macio pelos becos da favela. O silêncio era assombroso. Na descida do morro, ainda muito escuro, passou entre valetas e sobre pinguelas improvisadas, espremeu-se entre gretas, tropeçou em garrafas de birita, escorregou em lamaçal, atravessou a rua e caminhou pela avenida sentido centro da cidade.
Alguns passos depois, a claridade do dia começava aparecer - a moça com a criança entre os braços, atravessava uma ponte que dividia a favela de uma pequena região comercial – parou a bordo do precipício que media aproximadamente quatro metros – com um olhar tristonho, observou muitas rochas pontiagudas e pouca água que corria entre elas. Pensativa, deu mais um passo a frente, encostou o pé em uma pedrinha que rolou do alto até ser tocada sobre as maiores que lá embaixo estava. Verônica descobre o rosto da pequena criatura – de modo suave beija-o sobre a testa – olha para os lados, e não avista ninguém, a não ser um cachorro magricelo que procurava comida entre sacolas de lixo que muitos moradores da favela jogava a beira do penhasco. Uma lágrima rola dos olhos da moça, que cobre novamente o rostinho da criança. Um minuto a mais de pensamento, e um filme se passou em sua cabeça: sexo, drogas e baile funk. Um passo para trás e assim continuou sua caminhada.
As pernas da moça estavam bambas e o cansaço a dominava, quando então se aproximou da porta de uma creche conhecida por nome de “Pequenos e Inocentes”. O local atendia crianças da favela. Nesse momento a pequena criatura começou a chorar – era a fome que lhe apertava a barriga. A moça para não ser vista, rapidamente coloca a criança sobre o tapete de entrada e abre em fuga.
Ao passar pela ponte avista no bordo ?? , o cachorro que minutos atrás vira procurando comida – agonizava. Tinha sido atropelado por um veículo e assim como fez com a pedra, encostou o pé no animal e empurrou-o precipício a baixo. A longos passos subiu o morro, a vizinhança começava a despertar - entrou em seu barraco, recolheu todo lençol que as moscas já tomavam conta, lavou e estendeu-os em um pequeno varal dentro do chalé. Sentindo cansaço pelo esforço que fizera na madrugada, forrou a cama com um cobertor - deitou e dormiu.


3. LINKS PARA MATERIAIS DE APOIO PUBLICADOS NO TEOLITERIAS (clique)

"Cláudio Manuel da Costa por Antônio Cândido" (só para informação)

http://teoliterias.blogspot.com/2005/06/cludio-manuel-da-costa-por-antnio.html

"Análise crítica dos Poetas Árcades por Alfredo Bosi"

http://teoliterias.blogspot.com/2005/05/anlise-crtica-dos-autores-rcades-por.html

"Aspectos gerais do Arcadismo: análise de Alfredo Bosi"

http://teoliterias.blogspot.com/2005/05/aspectos-gerais-do-arcadismo-anlise-de.html

"Uma leitura teórica do Modernismo Brasileiro"

http://teoliterias.blogspot.com/2007/06/uma-leitura-terica-do-modernismo.html

ABRAÇO A TODOS OS MEUS AMIGOS ACADÊMICOS



Comentários

Anônimo disse…
valew!!! professor pelo espaço concedido neste blog tão referencido para publicação dos contos; agradeço ainda, pela paciência de prefaciá-lo, acredito que com seu ponto de vista, os leitores estarão mais atentos para leitura....